Pode a nutrição, principalmente a falta de boa nutrição influenciar o nosso comportamento?
Os comportamentos agressivos são conseqüentes a complexas combinações entre genes, sinais biológicos, circuitos neurais, ambiente e o meio ambiente, que influenciam o desenvolvimento e a expressão destes comportamentos.
Portanto a receita para a violência é uma potente mistura de química cerebral, lesão cerebral, genética e ambiente.
São fatores de risco para o desenvolvimento do comportamento agressivo :
• Fatores genéticos
• Complicações no período pré-natal e complicações no parto
• Sub Nutrição ou Desnutrição Materna.
• Desnutrição infantil
• Alterações neurológicas
• Gênero ( feminino ou masculino)
• Fatores socioambientais
• Interações biológico-ambientais
A interação entre os fatores biológicos e socioambientais modulam o comportamento violento.
Ou seja, não é em todo mundo que determinados desequilíbrios nutricionais vão se manifestar em comportamento violento ou agressivo, é necessário que outros fatores estejam colaborando, mas assim mesmo é um risco muito grande!!!!
Fatores genéticos interagem com fatores ambientais na produção do comportamento agressivo.
Apenas a genética não é suficiente para explicar o desenvolvimento de um comportamento agressivo e anti social, mas poderia aumentar a probabilidade do desenvolvimento destes comportamentos.
Deficiências nutricionais são fatores de risco para o desenvolvimento de comportamento agressivo.
Segundo o Dr Juarez Callegaro,
"O desvio de personalidade provocado por privação de nutrientes pode se manifestar a qualquer hora da vida.
Alguns ficam ansiosos, outros se tornam agressivos e há quem perca a capacidade de amar depois de anos consecutivos de alimentação inadequada”
Deficiências e desequilíbrios nutricionais podem prejudicar a função cerebral e preparar o terreno para delinqüências e comportamento criminoso.
Na pesquisa científica, realizad por C. BERNARD GESCH, SEAN M. HAMMOND, SARAH E. HAMPSON, ANITA EVES and MARTIN J. CROWDER.
(Influence of supplementary vitamins, minerals and essential fatty acids on the antisocial behaviour of young adult prisoners.BRITISH JOURNAL OF PSYCHIATRY ( 2 0 0 2 ),1 8 1, 2 2 - 2 8).
Descobriram que :
Comportamento anti-social em prisões, incluindo a violência, são reduzidos pela ingestão de vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais.
• Déficits no consumo de vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais podem interferir com a produção de neurotransmissores.
• A deficiência de zinco e /ou ferro está relacionada a um aumento no comportamento agressivo em crianças e adolescentes.
Outros estudos como o destes pesquisadores:
• Brin M ( Examples of behavioral changes in marginal vitamin deficiency in the rat and man, in J. Brozek, Ed. Behavioral Effects of Energy and Protein Deficits. United States Department of Health, Education and Welfare Publ. no. (National Institute of Health) 79-1906, 1979).
Mostraram que:
A deficiência marginal de nutrientes está associada à síndrome do comportamento agressivo que é marcada por agitação, irritabilidade, impulsividade e uma propensão à violência.
Deficiências de vitaminas associadas à irritabilidade e agressividade:
• Niacina (B3), Ácido Pantotênico (B5) , Zinco, Tiamina(B1), Vitamina B6 e Vitamina C, Ferro, Magnésio, Triptofano.
Deficiência de Magnésio é caracterizada por ansiedade, instabilidade psicomotora e dificuldades de aprendizado. (Izenwasser S E et al ).
Amino Ácidos:
• Triptofano (precursor do neurotransmissor Serotonina):
Serotonina é principalmente um neurotransmissor inibitório que atua como uma espécie de freio na impulsividade.
Baixa ingestão está relacionada à depressão, agressividade e suicídio.
• Tirosina ( Precursor de Epinefrina,Norepinefrina, Dopamina):
Carência de Ferro:
• A carência de ferro, durante os períodos pré-natais e de lactação, em roedores, diminui a atividade de uma enzima responsável pela síntese de GABA, um tranqüilizante natural, além de diminuir a atividade da enzima que participa da síntese de serotonina a partir do triptofano.
· O íon Fe++ indiretamente participa da síntese de neurotransmissores, mielinização das fibras nervosas e dos processos de codificação da memória no hipocampo.
• Entre adolescentes do sexo masculino a deficiência de ferro pode ser um importante contribuinte para a síndrome comportamental agressiva.
Hipoglicemia é outro fator muito importante e bastante freqüente:
Hipoglicemia e Síndrome Comportamental Agressiva
• Estudos têm sido realizados em populações de criminosos em prisões de todo o mundo e, descobriram uma relação direta entre o grau de violência que mostra um prisioneiro e seu grau de hipoglicemia.
• Alguns estudos têm observado que criminosos violentos, particularmente aqueles com história de abuso de álcool, são caracterizados por hipoglicemia reativa.
• Virkkunen e Huttunen, 1982; Virkkunen, 1982, 1983a, 1986a, b; Roy et al,1986; Linnoila et al, 1990)
A alimentação moderna, prioriza o consumo de carbohidratos refinados, predispondo ao quadro de hipoglicemia reativa.
Efeitos da desnutrição sobre o desenvolvimento do cérebro
• O período de desenvolvimento do SNC varia entre as espécies e, no homem, inicia-se no terceiro trimestre de gestação, continuando por dois a quatro anos após o nascimento.
Desnutrição materna, com pobre ingestão de proteínas no primeiro e segundo semestre foi associada a comportamento anti social na fase adulta.
Em recém-nascidos, a má nutrição ( falta de amamentação materna, ou amamentação por mãe mal nutrida) pode gerar diminuição da plasticidade no SNC, o que poderá ser prejudicial para toda vida (Almeida et al., 2002).
Alertar às mães que amamentam, para só fazer dieta de restrição, para perder peso ao fim da amamentação.
Trabalhos detectaram que deficiências nutricionais e falta de estímulo cognitivo em crianças entre 3 a 5 anos de idade contribuem para maiores chances de um desfecho ruim na formação desses adultos.
Também em crianças que tiveram pouco contato com a mãe, ou falta de carinho.
• O colesterol é necessário para um funcionamento adequado dos receptores de serotonina no cérebro.
• Baixos níveis de colesterol têm sido relacionados com comportamento agressivo e violento, depressão e tendências suicidas.
• Medidos em jejum, níveis séricos de colesterol em homens criminosos homicidas e descobriu que aqueles com transtorno de personalidade anti-social ou transtorno explosivo intermitente com tendências violentas habitualmente tinham níveis mais baixos de colesterol do que os outros delinqüentes
• Essa diferença foi mais acentuada nos homens com idade inferior a 30.
“Alfin-Slater, R B, and L Aftergood, "Lipids," Modern Nutrition in Health and Disease”.
60% do nosso cérebro é gordura
• Os Lipídios, que compõem cerca de 60% da massa sólida do cérebro, são essenciais para a estrutura do cérebro e função normais.
• Pesquisadores relatam correlação entre a ingestão do ácido graxo Ômega 3 (gordura boa) e a diminuição nos índices de violência.
Joseph Hibbeln. 2001
Bernard Gesch. Universidade de Oxford. 2002
A alimentação moderna é rica em ácidos graxos Trans e Ômega 6 em relação ao Ômega 3.
Outros fatores de risco?
Podemos considerar:
• Alergias e/ou Intolerâncias alimentares.
• Excitotoxinas:
• Glutamato monossódico.
• A quantidade de MSG adicionados aos alimentos tem dobrado a cada década.
• Aspartame (50% de fenilalanina, 40% de ácido aspártico e 10% metanol).
Intoxicações:
Chumbo, Cobre e Cádmio predispõem a um aumento no comportamento agressivo e violento.
Exposição ao chumbo pode causar problemas de aprendizagem e de comportamento, problemas estes que são encontrados em uma parcela substancial de delinqüentes juvenis.
Danos cerebrais devido à exposição ao metal tóxico podem promover comportamentos agressivos, anti-sociais e violentos.
• Dietas pobres em Cálcio, Ferro e Fósforo podem aumentar a absorção do chumbo pelo trato intestinal.
Maus hábitos alimentares em crianças prejudicam a função cerebral e, posteriormente, provocam violência e comportamento anti-social.
Correção da ingestão de nutrientes, seja através de uma dieta bem balanceada ou baixa dose de suplementação vitamínico-mineral, melhora a função cerebral e, posteriormente, diminui a violência institucional e comportamento anti-social quase pela metade.
“O cérebro precisa ser nutrido de várias formas.
Ele precisa de educação, amor e, precisa de nutrientes”.
Ele precisa de educação, amor e, precisa de nutrientes”.
Estamos vivendo em uma sociedade que se refugia apenas em soluções medicamentosas para controlar explosões e comportamentos impulsivos.
Analisar e mudar o que as pessoas comem pode não ser tão radical como parece.
Dra Maria Elizabeth Ayoub.
Médica Clínica especialista em Nutrologia e Terapia Biomolecular.
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